Vocês só não são mais opostos que o sol e a lua. Um adora o dia, o outro curte a noite. Um ama uma cerveja com churrasquinho, o outro é vegetariano e não bebe. Um ouve samba e pop rock, o outro só ouve reggae. Ela trabalha 14 horas por dia e ele dorme até meio-dia. Ela ama praia e ele não suporta a combinação areia/água do mar. Da última vez que se encontraram prometeram que seria a última, chegaram a conclusão que aquela relação não fazia mesmo sentido e que era melhor seguirem sendo amigos e só. Não foi a última, longe disso. E continuaram insistindo. Alguma coisa ali, que fugia do racional, explicava aquela ligação. Discordavam em relação a tudo... Mas também não conseguiam romper aquele vínculo. Igual seu último trabalho. Desde o primeiro dia você sabia que não se adaptaria aquele ambiente e a toda aquela pressão. Sabia que a sua função estava bem longe de ser aquela que lhe traria realização profissional. Você ensaiou em frente ao espelho o seu pedido de demissão, mandou currículo pra várias outras empresas, mas não teve coragem e continuou insistindo. E aquela amizade que se rompeu há anos atrás? Perderam a confiança um no outro, guardaram várias mágoas, se machucaram sem nem perceber... Mas você continua tentando fazer as coisas voltarem a ser como eram antes. E aquela calça que você comprou lá em 2011, que não entra mais nem na sua panturrilha. Mas continua lá, a espera de um milagre. Você comprou várias outras calças, e saias, e blusas, mas daquela você ainda não teve coragem de se desfazer. Por falar em de desfazer, o que dizer daquela bicicleta ergométrica que virou um ótimo cabide? Por várias segundas seguidas você subiu nela e prometeu que dali em diante faria 45 minutos de pedaladas por dia. Faz dois anos que o pedal não se move. E por que ela continua ali ainda? Como explicar o inexplicável? O que pudemos supor é que o ser humano tende a preferir o conforto, o conhecido, mesmo que este já não agrade tanto e nem traga mais satisfação. Que tal aproveitar a simbologia desse ano que se finda para parar de insistir? Se você já fez todas as tentativas em relação aquela pessoa e a relação não fluiu, talvez seja hora de encerrar com um ponto final essa história, sem reticências ou vírgulas. Se o seu trabalho lhe deixa de mau humor, lhe traz frustração... Que tal um emprego novo? Se aquela amizade não tem mais jeito de reatar, pra que continuar insistindo? E que tal aceitar que o seu corpo agora tem novas formas e aquela calça tamanho 34 não fará mais parte do seu guarda-roupas? E quanto a bicicleta ergométrica, infelizmente, só olhar pra ela não gasta calorias não. Por que não mudar? Viver é correr riscos sim... E a chance de dar tudo errado é igualmente proporcional a de dar tudo certo. O conhecido é bom, é confortável... Mas o desconhecido pode ser ainda melhor. Que tal arriscar?
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