Você não sabe, mas eu aprendi a remar!

06:36:00


Sonhei com você. Vi seu sorriso, senti seu abraço, ouvi sua voz. Parecia real. Não era. Acordei. Parece que foi só um sonho mesmo. Você estava lindo, alegre, sorridente... Me falava do seu dia e eu lhe contava da minha viagem. Não sei dizer ao certo quanto tempo o sonho durou e por quanto tempo eu tive você de volta na minha vida. Mas foi suficiente para ser invadida por uma saudade sem fim. De repente veio a memória a lembrança do dia que nos conhecemos, das primeiras conversas, da ansiedade esperando a próxima mensagem, das confidências, dos segredos confidenciados tendo o somente o mar como testemunha. Lembro dos e-mails trocados quase que instantaneamente e dos olhos brilhando cada vez que o correio eletrônico anunciava uma nova mensagem. Nós parecíamos dois adolescentes vivendo uma paixão avassaladora. Queríamos estar juntos todo tempo, queríamos dividir um com o outro tudo o que nos acontecia. Nossos finais de semana pareciam ser pequenos para tanta parceria e nós queríamos que eles nunca acabassem. Não sei dizer ao certo quando as coisas começaram a mudar, não houve algo marcante. A mudança se encontrava nos pequenos detalhes. Um convite negado, um encontro adiado, uma mensagem não respondida, um sorriso não retribuído. Primeiro vieram as ausências, as desculpas, as brigas... Depois a frieza, o distanciamento e por último, o fim. Fim que foi anunciado, fim que eu via acontecendo em cada acusação, em cada discussão... Mas, eu preferia não enxergar, não queria aceitar que neste barco eu estava remando sozinha, girando, sem direção. E você pulou fora. Não quis saber como eu ficaria, aliás, nem avisou que pularia. E eu fiquei ali, em meio a um turbilhão de emoções e sentimentos, não tinha forças pra remar e assim não conseguia sair do lugar. Levei dias, talvez até meses para retomar as forças, para aprender a mexer no GPS que era você que usava e para descobrir que sozinha eu também poderia chegar onde eu quisesse. Comecei aprendendo a remar, depois decidi que aquele barco já não me servia mais... E por último decidi que não queria mais navegar por aqueles lugares que havíamos navegados juntos pois eles não faziam mais sentido pra mim. Você não faz ideia de quantos lugares conheci sem você. Nem acreditaria que cheguei tão longe. Quer saber se tem outra pessoa me ajudando a remar? Não tem não. Talvez nesse barco novo nem haja espaço para acolher mais alguém mesmo. Se eu me sinto sozinha? Muito raramente. E quando isso acontece eu paro o barco em algum lugar e vou conversar com as pessoas ao meu redor. Descobri os segredos do mar, aprendi sobre os meus limites e quando devo parar. Remo quando e pra onde eu quero. Hoje você virou apenas uma lembrança, cada vez mais distante. E sinto que quanto mais remo, mais me afasto de você.

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"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


Fernanda Mello

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