É hora de voltar

08:16:00


Anda circulando na internet o vídeo de um velhinho que ano após ano preparava a sua ceia de Natal e dos filhos e netos só recebia desculpas esfarrapadas de que não poderiam estar com ele naquele momento. Até que recebem a notícia de seu falecimento... Entristecidos, com sentimento de culpa, arrependidos... Enfim se reúnem novamente naquela casa que os viu crescer. Imagino que o caminho que percorrem até aquela casa é um caminho recheado de lembranças, de nostalgia e daquele sentimento de que as coisas poderiam ter sido diferentes. A surpresa é tamanha quando se deparam com a mesa posta e eis que surge o velhinho fazendo a seguinte pergunta: de que outra forma eu poderia reunir todos vocês aqui? Não é a toa que o vídeo viralizou e não há quem não se emocione assistindo a cena. É hora de voltar, hora de voltar pros braços de quem nunca deixou de nos acolher, de quem prepara a mesa mesmo que no nosso lugar tenha apenas uma cadeira vazia, voltar pra quem acompanhou nossos primeiros passos e nos viu querendo bater as asas.  Falamos com tantas pessoas ao mesmo tempo, acompanhamos as notícias do mundo em tempo real, temos 5 mil amigos em nossa rede social, nossos álbuns são repletos de rostos sorridentes... Mas andamos vazios de verdadeiros encontros. Parece que nos perdemos na superficialidade dos encontros virtuais, das relações vazias, das palavras apressadas, dos abraços desajeitados, dos beijos em formato de emoji. Enquanto isso, a vida está acontecendo, o relógio está correndo, nossos laços estão ruindo, nossos pais estão envelhecendo, nossos filhos estão crescendo. Voltemos. Voltemos enquanto ainda há uma mesa posta a nos esperar, enquanto ainda há um abraço caloroso e um colo acolhedor. Voltemos enquanto nossos amigos ainda sentem a nossa falta, enquanto ainda lembram do nosso nome nas rodas de conversa. Meu desejo para este último mês do ano de 2015 e para todo o ano de 2016 é que haja mais encontros e que estes não aconteçam somente em velórios. Que a família se reúna a mesa não apenas no dia de Natal. Que a promessa do "vamos marcar" saia do papel e vire realidade. Que as risadas sejam reais, que os abraços sejam de verdade, que as palavras tenham entonação, que os sorrisos aconteçam também por trás das câmeras. É hora de voltar para o que realmente importa, para o que é de verdade, para o que o dinheiro não compra. Se hoje você se der conta que ainda há uma mesa posta a sua espera, volte! Antes que alguém ocupe o seu lugar ou que não haja mais ninguém para preparar a mesa.

Você pode gostar também:

0 comentários

Quem sou

"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


Fernanda Mello

Mais lidos