Aos que cuidam da minha, da sua, da nossa saúde

13:47:00


"Hoje eu acordei me sentindo maravilhosamente bem e resolvi dar um passeio nesse hospital." "Estou tão bem que acho que vou no posto de saúde fazer uma visita." "Nossa, que alegria, vou já marcar uma consulta com um psicólogo pra entender porque estou me sentindo tão feliz assim." Você nunca ouviu uma frase dessa e nem pensou algo parecido? Estranho, achei que fosse comum. Não, além de não ser comum é bem pouco provável que isso vá acontecer algum dia. Então meu papo hoje é com você que escolheu como profissão cuidar da saúde das pessoas. Primeiro, eu espero de coração que você tenha feito essa escolha por amor e não por dinheiro, porque é bem pouco provável que você conseguirá ser milionário sendo um profissional da saúde, além disso, a nossa vida é o que temos de mais precioso e definitivamente eu não gostaria de ter alguém que cuida da minha saúde pensando apenas no seu salário no final do mês. Primeira e imprescindível pergunta: você ama o que você faz? Ah meu caro, se a resposta for negativa então você está na profissão errada. Quem lida com máquinas pode não gostar do que faz, quem lida com números também, mas, me desculpe, quem lida com vidas precisa sim. Sem demagogias e sem hipocrisia, você pode sim gostar de dinheiro, mas precisa acima de tudo, gostar mais de pessoas. Ninguém procura um profissional de saúde quando tudo na sua vida está indo maravilhosamente bem, isso quer dizer que todas as pessoas que chegam até nós estão de alguma forma vulneráveis e frágeis. E chegam com dores, com medos, machucados e em muitos casos, já sem esperança. Quando se deparam com alguém que pelo menos se sensibiliza com sua dor surge uma esperança de que sim, as coisas podem vir a melhorar. Infelizmente os relatos que ouço todos os dias nem sempre são condizentes com essa realidade. Muitos chegam tristes e abalados e ao invés de serem acolhidas, são ignorados em sua dor e tratados com grosseria. Claro que nós profissionais de saúde também estamos sujeitos a "acordar com o pé esquerdo", a ter as nossas dores , a receber um salário não condizente com nossas responsabilidades... Mas meu caro, nada disso justifica a sua grosseria e a sua falta de humanidade ao lidar com as pessoas. Em minha concepção, ninguém merece ser tratado com falta de respeito, muito menos alguém que não está em suas condições plenas de saúde. O paciente/cliente/usuário amanhã pode ser você, seu pai, seu filho, seu irmão e com certeza você vai gostar que tratem minimamente com cuidado e respeito. O que me deixa mais tranquila é saber que há muitos profissionais comprometidos, que atendem com cuidado e carinho, que são conscientes da importância do seu papel. A vocês eu desejo que continuem desempenhando com amor a sua função e que quando forem pacientes/clientes/usuários recebam também o mesmo tratamento que dispensam àqueles que lhes são confiados. Aos que acham que seres humanos são apenas mais um número de prontuário... Que pena... Só não estranhe se quando os papéis se inverterem o seu nome seja trocado por um número. Caro profissional de saúde, há muitas vidas precisando do nosso trabalho, há muitas feridas esperando por cuidados, há muitas dores que precisam ser amenizadas. E você vai mesmo continuar reclamando dos poucos dígitos na sua conta bancária? Menos arrogância, menos prepotência, menos soberba. Mais humanidade, mais cuidado, mais sensibilidade. 

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Quem sou

"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


Fernanda Mello

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