Os 100 metros mais emocionantes da vida

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O que você faria diante de um diagnóstico de Esclerose Múltipla? O que você faria se soubesse que perderia gradativamente os movimentos e que o seu prognóstico era incerto? O que faria ao saber que a doença poderia afetar qualquer área do seu corpo, a qualquer momento? Eu não sei o que eu faria, eu não sei o que você faria, mas sei o que Ramón decidiu fazer. Protagonista do filme 100 metros, Ramón tinha uma vida aparentemente normal, um filho, uma esposa, um sogro carrancudo, um emprego estável e uma agenda lotada de compromissos. Aparentemente, tudo sob o seu controle, até notar que suas mãos não obedeciam mais ao seu comando, tudo normal, até receber o diagnóstico de Esclerose Múltipla. Diante de tal fato, ele decide dar outro rumo a sua vida. Mesmo sabendo das limitações que começariam a fazer parte do seu dia-a-dia, ele decide que irá participar de uma das competições mais difíceis do mundo esportivo: o IronMan. E assim ele terá que nadar 3,8 km, pedalar 180 km e finalizar completando uma maratona,ou seja, 42,195 km de corrida. E para isso, ele contará com a ajuda do seu sogro rabugento, que o colocará nas situações mais inusitadas possíveis: capinar terrenos, cuidar de plantas, treinar em lugares improváveis. O filme vai mostrando a longa batalha contra os efeitos de uma doença degenerativa, mostra a luta de Ramón contra as suas próprias limitações. Mas mais do que isso, mostra também que ele começa a dar importância ao que realmente importa na sua vida. Sua saúde oscila, seu humor varia, seus movimentos fraquejam, seu corpo enfraquece, mas desistir deixa de ser uma opção. Ah, mas o que esse filme tem a ver com a minha realidade, eu que tenho uma saúde de ferro? Tem a ver que todos temos um prognóstico em comum: todos nós iremos morrer, e não sabemos quando. Ramón, ao se deparar com a finitude percebe que não há mais tempo a ser gasto com coisas menos importantes, com situações mesquinhas, com compromissos facilmente adiáveis. Ele quer ir além, ele quer desafiar o seu corpo, ele quer cruzar a linha de chegada. E ele não desiste. A doença avança, a dificuldade aumenta, as pessoas ao seu redor duvidam, mas ele segue firme. E nós, que temos saúde e desistimos na primeira dificuldade? E nós, que inventamos desculpa pra não fazer aquilo que nos propomos? E nós, que vivemos como se nunca fossemos morrer? E nós, que desperdiçamos nosso tempo com coisas sem importância? Que a gente possa aprender com os Ramóns que encontramos por ai, que a gente possa avaliar as nossas escolhas sem precisar ter um diagnóstico como esse, e sobretudo que a gente possa ter consciência que a nossa passagem por aqui tem prazo de validade. Que o medo não nos paralise, que a opinião negativa dos outros não nos limite, que nossas dificuldades não sirvam de desculpas para não tentarmos. 

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"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


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