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Buscamos um cargo no alto escalão, queremos morar no melhor bairro da cidade, queremos ter um corpo de dar inveja as modelos das revistas, queremos ter um carro de última geração, queremos jantar nos melhores restaurantes, queremos conhecer os lugares mais bonitos e desejados. Queremos dentes perfeitos, cabelos alinhados e pele sedosa.

E a pergunta é: Quantas pessoas que tem tudo isso e até um pouco mais e não estão felizes? Quantas pessoas bonitas, bem sucedidas, com boa estrutura familiar e financeira estão lotando os consultórios de psicólogos e psiquiatras? Quantos novos casos de síndrome do pânico, depressão, transtornos de ansiedade tem surgido a cada novo ano? 

Nossa busca desenfreada pelo ter mais, fazer mais, querer sempre mais tem criado em nós a sensação de insatisfação constante. O que de fato estamos buscando com tudo isso? Que vazios estamos tentando preencher? Que carências afetivas não foram atendidas e viraram desejo de posse? Que insegurança há por trás dessa necessidade de ter algo grandioso? Que faltas estão sendo supridas com objetos ou status? 

Afinal de contas, estamos buscando o que? Queremos o que? Onde queremos chegar? Talvez a gente nem saiba as respostas para tudo isso, mas cada dia mais tenho chegado a conclusão que o que todos nós precisamos é de colo, carinho, acolhida, ouvidos atentos, olhar compreensivo, mãos estendidas. Não sei em que ponto a gente se perdeu, mas é nítido que pegamos o caminho errado.

O que nós precisamos está há um passo de nós e ao mesmo tempo, milhas de distância. O outro está ao nosso lado mas não é com ele que estamos falando, e sim com quem está atrás de uma tela de 3 polegadas. As relações amorosas viraram jogos de poder onde o mais importante é saber quem é o mais desinteressado da relação. Os encontros entre amigos passaram a ser palco para vídeos e postagens, pouca conversa, poucas trocas. 

Estamos buscando nos lugares errados. Nossa vida anda cada vez mais ocupada e em contraponto, cada vez mais vazia. Acumulamos mais coisas e nos sentimos cada vez mais incompletos. Temos mais contatos nas redes sociais e menos relações na vida real. Temos um álbum cheio de fotos mas uma memória com poucas lembranças. 

Objetos, cargos, status, poder: é onde estamos buscando, mas não é onde encontraremos. Um abraço ainda continua sendo o melhor lugar do mundo, um colo ainda tem poder de acalmar um coração partido, um olhar ainda é capaz de nos trazer paz, uma mão estendida ainda alivia dores... Chega de vestir-se na armadura de super-homens e super-mulheres, nossa natureza é frágil sim e a nossa essência clama por relações humanas, com toque, pele, cheiros e texturas. Nada disso tem valor pagável, nada disso se encontra a venda nas prateleiras de um supermercado, nada disso precisa de grandes sacrifícios para se conseguir. Está tudo aqui, está tudo ai. Basta abrir os olhos, basta pedir ajuda, basta estender a mão, basta enxergar de verdade o outro.

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Quem sou

"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


Fernanda Mello

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