Sobre cinzas, fogueiras e relacionamentos
13:49:00
"Pra diminuir o fogo, basta jogar a cinza que ficou de outras fogueiras e o fogo imediatamente diminui." Ouvi isso numa roda de conversa, em volta de uma churrasqueira no final de semana e me peguei pensando em como isso também se aplica na nossa vida e nas nossas relações. Você junta o carvão, acende o fósforo, espera o fogo começar a incendiar. Você conhece alguém, começa a alimentar essa relação, e o relacionamento atinge o seu auge. Depois vem a rotina, as cobranças, os ciúmes, e a chama começa a diminuir de tamanho e intensidade. Ou então, você decide pegar as chamas daquilo que sobrou do que um dia também já foi fogo e jogar na fogueira, logo esta diminui ou até apaga. Assim nós tendemos a fazer cotidianamente. Temos uma fogueira nova, que começou por razões diferentes, que foi feita com material diferente, mas ainda assim, jogamos nela as cinzas do que já se foi. Assim repetimos nas nossas relações. Temos um parceiro diferente, numa relação diferente, mas às vezes até sem nos dar conta, colocamos expectativas, ciúmes, desconfianças que tem muito mais a ver com nossas relações passadas do que de fato com esta que estamos vivenciando. E assim vamos apagando a chama dessa relação que podia ser forte e duradoura, mas que foi sendo sufocada pelas cinzas do passado. Jogamos cinzas quando desconfiamos do parceiro pelo simples fato dele ter um comportamento semelhante ao anterior. Jogamos cinza quando depositamos nossa insegurança por uma traição no antigo relacionamento. Jogamos cinza quando agimos como se essa nova relação fosse igual a anterior. Amor, paixão, cumplicidade, lealdade, parceria... São feito fogueiras mesmo, precisam ser alimentados diariamente, precisam ser monitorados e sobretudo cuidados. Relações dizem respeito a seres humanos e por isso tem seus altos e baixos, por isso tem momentos que a chama está mais forte e outras que está mais fraca, mas jogar cinza de relacionamentos anteriores só piora a situação. Por isso, antes de acender uma nova fogueira e esperar dela chama ardente, precisamos resolver nossas situações passadas, viver completamente o luto da separação, conhecer nossos limites... Assim poderemos esperar uma fogueira nova, que terá também seus momentos de chama alta e baixa, mas uma fogueira plena. O que virou cinza não voltará a ser fogo novamente. Podemos até insistir, colocar carvão novo, mas não adianta, se a chama já apagou, aceite que essas cinzas continuarão a existir, mas fogo elas não virarão mais. Vamos preparar o carvão, cuidar do ambiente, preparar nossa vida para receber alguém e deixar que a fogueira aqueça nosso coração. As cinzas passadas ficarão pra trás e elas por si só não tem o poder de apagar a nossa chama. Cuidemos da nossa fogueira, cuidemos também das nossas cinzas... Que cada uma fique exatamente onde deve estar. As cinzas no passado, a fogueira no presente, e que permaneça no futuro.
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