O que eu aprendi com as plantas secas
07:50:00
Quando me mudei para o apartamento, decidi que queria ter uma planta na minha sala. Minha escolha obviamente foi por uma que me desse pouco trabalho pra cuidar e que pudesse ficar alguns dias sem água. Estava curiosa pra saber como ela ficaria na minha sala, ao lado do sofá e naquele vaso que escolhi também. Confesso que nunca dei muita atenção pra ela, mas gostava dela ali, gostava do efeito que ela causava no ambiente. Um dia cheguei em casa e vi todas as suas folhas secas. Ela tinha morrido. Tentei em vão colocar água, mexer no vaso, tirá-la do sol, mas nada adiantou, já não havia nada que ainda podia ser feito. Não sei quanto tempo ao certo, mas ela ainda ficou no mesmo lugar por algum tempo. Eu sabia que ela não viveria mais e sabia que precisava tirá-la dali, mas não tirava. Até que um dia me convenci que não fazia mais sentido mantê-la seca e decidi jogá-la fora. Terminada a faxina, olhei com uma certa tristeza para o canto da sala que ela ocupava, mas ao mesmo tempo senti uma sensação de desapego. Quantas plantas mortas temos mantido nos cantos esquecidos da nossa memória? Quantas pessoas não tiramos da nossa vida apenas pra não ter que lidar com o vazio que aquele espaço nos trará? Quantas vezes tentamos jogar água naquilo que não tem mais vida na vã esperança que isso fará revivê-lá? Plantas secas ocupam espaço desnecessariamente. Mas assim como as pessoas, precisamos de um certo tempo para ter coragem de finalmente desocuparmos aquele lugar. Ainda não sei se vou comprar uma planta igual à que eu tinha, uma outra espécie ou se simplesmente deixarei aquele lugar vazio. E você, quantas plantas mortas ainda ocupam lugar na sua vida? Quantas pessoas já não fazem mais parte do seu caminho e você continua achando que elas poderão voltar a fazer? Plantas e pessoas tem um ciclo, e nós precisamos aceitar a sua morte, seja simbólica ou real, sob pena de ocuparmos em vão, espaços preciosos na nossa vida. Porém, somos os únicos responsáveis por desocupar aquele lugar, isto ninguém poderá fazer por nós. Pode ser que venham novas plantas e novas pessoas, mas pode ser também que o espaço vazio nos seja mais agradável, independente disso, o importante é não querer manter vivo aquilo que já morreu. Vamos abrir novos espaços, vamos aprender a conviver com o vazio, só não vamos nos agarrar a algo que não está mais ali, apenas por medo de lidar com o espaço em branco.
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