As princesas voltaram para seus castelos, o Super Mário para o Nintendo, os piratas para suas embarcações, as deusas gregas para os livros de história, as máscaras para as gavetas, as fantasias para os armários... Se desfizeram as fantasias, caíram as máscaras, e a vida voltou ao normal. Houve quem bebeu demais, quem cometeu atos ilícitos, quem conheceu um amor, quem terminou um relacionamento, quem traiu o parceiro, quem fez coisas e se arrependeu, quem se divertiu livremente, quem perdeu a linha, quem não pensou no amanhã, quem não perdeu a sobriedade. Teve gente chorando, teve gente sorrindo, teve gente chegando e teve gente partindo. Teve também quem saiu e não voltou, nem vai mais voltar. No rosto dos foliões, as mais diversas emoções. Deu pra ver muita alegria, muitos sorrisos radiantes e olhos brilhantes. Deu pra ver amor, paixão e carinho nos casais apaixonados. Teve muitas lágrimas de quem encontrou motivos para chorar mesmo em meio a folia. De ciúmes a medo, de ansiedade a decepção, o que não faltou nesse carnaval foi emoção. E viu-se a contradição. Quem olhava rapidamente podia pensar que todos ali estavam na mesma sintonia, alegres e festivos, mas não, não estavam. Muitos voltaram da mesma forma que foram, alguns voltaram ainda mais felizes e outros voltaram tristes e cabisbaixos. O carnaval acabou... E pra muitos acabou a vida, acabou o amor, acabou a confiança, acabou a alegria. Hoje é quarta-feira de cinzas e a vida voltou ao seu curso normal. Bancos movimentados, comércio funcionando, farmácias atendendo, ônibus circulando. E como foi o seu carnaval? Se divertiu? Pulou? Brincou? Sorriu? Se emocionou? Se arrependeu? Chorou? Quem dera que pra todo mundo as únicas consequências deste carnaval tivessem sido uma dorzinha de cabeça de ressaca, uma meia dúzia de calo nos pés e um cansaço nas pernas. Com certeza não foi. Carnaval é divertido, é animado, é empolgante, mas não dá pra viver esses cinco dias como se eles fossem os últimos da nossa vida. Dentro dos limites, com consciência e responsabilidade, dá pra ter dias muito felizes nesse período. Ano que vem tem de novo, no outro também. E tomara que você tenha aprendido que o mundo não acaba após o carnaval, e que nossos atos tem consequências muitas vezes irreversíveis. E tomara que você se divirta nos outros trezentos e tantos dias do ano. E tomara que você não espere pelo próximo carnaval para ser feliz.
Psicóloga de vez em sempre, organizada de vez em nunca. Escreve sobre coisas aleatórias e em momentos mais aleatórios ainda. Tem mania de observar tudo ao seu redor e de dar opinião sobre qualquer coisa. Cantora de chuveiro, campeã de matrículas frustradas na academia e aprendiz da arte de encerrar ciclos.
"Psicóloga de vez em sempre, organizada de vez em nunca. Escreve sobre coisas aleatórias e em momentos mais aleatórios ainda. Tem mania de observar tudo ao seu redor, mas tem opinião formada sobre bem poucas coisas. Aprendiz na arte de encerrar ciclos e de se abrir para novas experiências. Acredita em Deus e nas pessoas. Gosta muito do mar, de sol, da família, dos amigos. Corre, malha, faz trilha, come e bebe quando tem vontade. Sensível e durona, teimosa e manhosa: HUMANA.
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