Onde a gente se encontra mesmo?
07:58:00
Ela é independente, mora sozinha, dirige seu próprio carro, paga suas contas, viaja com as amigas, faz sua comida, trabalha mais que 8h por dia. Ela também cuida do cabelo e das unhas de vez enquanto, vai ao dentista, leva o carro no mecânico, abre garrafas de vinho, senta num bar pra beber cerveja. Ela gosta do mar, tem preguiça de lavar o carro, pratica exercícios quando tá afim, come direitinho mas extrapola várias vezes. Quando quer, quer, quando não quer, diz. Ela não é adepta do "eu também", tem sua opinião, escolhe seu próprio prato e não gosta de pegar carona.
Ele convida ela pra jantar, "as nove passo na sua casa", não não, nos encontramos lá nesse mesmo horário. Ele estranha mas aceita. Ele pede seu prato. Ela escolhe o seu. Ele pede cerveja, ela um mojito. Hora de pagar a conta, "deixa que eu pago", não não, vamos dividir. "Posso lhe acompanhar até em casa", não, eu sei bem o caminho. Ela vai pra casa dela, e ele pra dele. Ela sabe que foi só mais um jantar e por isso não criou expectativas. Ele não sabe nem o que pensar. Como assim ela não veio comigo? Como assim ela não pediu o mesmo prato que eu? Como assim ela não me deixou acompanhá-la até em casa? Calma meninos, é perceptível que os tempos mudaram e que vocês ainda não estão acostumados com toda essa independência feminina. Sabe-se que a teoria da evolução (simplificando muito) nos diz que os homens nasceram para serem caçadores/coletores e as mulheres para cuidar da prole e da casa. Mas, anos e anos se passaram e assim como inventaram o fogo e a roda, também houve mudança na forma de viver e conviver. Eis que as mulheres decidiram sair da "toca", foram trabalhar, assumiram o comando da casa, aprenderam a caçar e colher o seu próprio alimento. Ainda estamos todos um pouco perdidos... Os homens sentindo-se inúteis já que a função que lhes era exclusiva teve que ser compartilhada, e as mulheres equilibrando-se entre as tarefas de casa que ainda continuam suas e as tarefas da "rua" que ela decidiu também desempenhar. Não há problema algum com a troca de papéis, com os homens na cozinha e as mulheres pilotando aviões. Mas a gente precisa se entender, a gente precisa conversar, a gente precisa chegar a um consenso. Se você é homem e continua querendo ser caçador e coletor e a sua esposa também quer continuar cuidando da casa e dos filhos, tudo bem, mal nenhum há nisso, contando que ambos concordem. Mas que cada um escolha o seu caminho e a sua forma de caminhar. Ainda estamos todos nos adaptando, ainda estamos buscando nosso lugar ao sol e nosso espacinho no mundo. Sem preconceitos, sem julgamentos, sem esteriótipos e sem obrigações. Cada um escolhe como quer viver e ao outro cabe aceitar, se adaptar ou correr. E quanto ao cara lá de cima, ele decidiu correr... E ela decidiu nem começar.
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