Que comece por nós

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Sim, eu me sensibilizo com as vítimas e familiares do ocorrido em Paris, me entristeço ao ver a tragédia ocorrida em Minas Gerais, me sensibilizo com os que sofrem por este mundo a fora e com aqueles que estão sofrendo aqui ao meu lado. Não podemos esquecer que tudo isso foi e está sendo provocado por mãos humanas, mãos intolerantes, mãos egoístas, mãos gananciosas. E nós assistimos a tudo isso como se nada tivesse a ver conosco. As tragédias não acontecem só lá em Paris, na Síria ou em Minas Gerais, elas acontecem todos os dias, aqui ao nosso lado, na sala da frente, no andar de baixo. E nós, por vezes, somos inclusive coadjuvantes nesse processo. Quando eu me considero superior ao outro, quando eu passo por cima dos demais pra conseguir o que quero, quando julgo as pessoas pela forma com que se vestem, quando uso do meu poder para diminuir os demais, quando sou intolerante as diferenças, quando quero impor meu ponto de vista... É assim que começam as atrocidades. Claro que as últimas que aconteceram no mundo tomaram proporções gigantes, mas nosso comportamento no dia-a-dia também corrobora para que muitas violências aconteçam. A única espécie "racional" é também a única espécie que se comporta como se não fosse. Onde está mesmo a racionalidade quando alguém decide tirar a sua própria vida para assim ceifar a de tantos outros? Onde está a racionalidade quando em nome da ganância eu não me importo com nada e nem ninguém? Quem dera que a sensibilidade não pintasse apenas as cores do perfil, mas que se traduzisse em mudanças no nosso comportamento, na nossa forma de ver e tratar o outro. Que as nossas bandeiras fossem a do respeito, da tolerância, da empatia, da harmonia, da sabedoria e da paz. Sofrimento é sofrimento, aqui ou em qualquer lugar do mundo e não é preciso que aconteçam tragédias como essa para percebermos o quanto o ser humano tem se tornado um ser irracional e inconsequente. Mas agora não basta apontar culpados ou julgar o comportamento do outro, é preciso que analisemos a nossa forma de agir e pensar. Não sei se é mais amor, mais tolerância ou mais respeito que o mundo precisa, mas eu sei que mudanças precisam começar aqui por mim e por você. A nossa parte nós precisamos fazer, mesmo que pareça insignificante. E precisa começar lá na minha casa, no meu trabalho, no meu grupo de amigos, na minha igreja. E pode ser que isso não vá mesmo mudar a postura dos que cometem atos de terrorismo, mas tenho certeza que vai mudar, amenizar ou diminuir, o sofrimento de quem está ao nosso lado. Você não precisa necessariamente ajudar os atingidos em Minas, mas pode fazer a sua parte para diminuir a dor de quem está ao seu redor. E por fim, quem dera que cada imagem em solidariedade a Paris ou a Minas correspondesse a menos um ato de violência no mundo...

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Quem sou

"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


Fernanda Mello

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