Nós precisamos falar sobre isso

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...Seus amigos não poderão mais dizer que a amam e que estão com ela, sua família não poderá mais acolhe-lá... Perderam uma filha, uma irmã, uma neta, uma amiga...

Circulou na internet ontem um vídeo que por ter vindo com descrição, evitou que eu abrisse e assistisse a uma cena tão triste. Tratava-se de uma jovem que tirou sua própria vida jogando-se da ponte. Primeira questão é: qual objetivo teve o ser humano que filmou esse tipo de acontecimento? Prevenção de suicídio com certeza não era, alertar para algum tema muito menos... E a segunda questão tem a ver com a especulação que surge em torno do assunto. "Ela não tinha família", "queria chamar a atenção", "estava usando drogas". Eu não sei quem era essa menina e desconheço as razões que a levaram a cometer tal ato, mas posso garantir que seu sofrimento chegou ao limite daquilo que lhe era suportável e no auge do seu desespero ela se viu sem saída. No caso dela não há mais tempo. E será que precisaremos perder mais quantas pessoas dessa forma para nos atentarmos  a esse tema? Mais quantas famílias sairão destruídas de uma situação como essa? Mais quantas pessoas buscarão no suicídio a saída para seus problemas? Precisamos conversar sobre isso. Pais: estejam atentos ao comportamento dos seus filhos. Cuidem, protejam, conversem, acolham. Você não precisa chegar hoje para o seu filho e perguntar se ele já pensou em cometer suicídio, mas você pode perguntar-lhe se está tudo bem, se ele precisa de algo, se quer um colo e um cafuné. Estejamos atentos as pessoas que nos cercam, muitos sofrem calados, choram escondidos e disfarçam sua dor. Você sabia que é bem provável que no seu círculo de amigos há alguém que já teve um pensamento como esse? E sabia que nesse exato momento há pessoas que não estão dando conta da sua dor? E você sabia que essas pessoas precisam de ajuda profissional? Amanhã pode ser tarde, meu amigo. Há sempre outras saídas, mas nem todas as pessoas conseguem buscar ajuda sozinhas. Talvez você parou pra ler esse texto por já ter sentido na pele a dor extrema de quem não consegue achar nenhuma outra saída. E talvez alguém lhe estendeu a mão, lhe ofereceu o ombro, ouviu suas dores e acolheu suas angústias. Olhe ao seu redor, cuide das pessoas que você ama, vidas poderão ser salvas com o seu gesto. E cuide-se. Mesmo diante da dor, há sempre um sol que brilha, há sempre uma porta que se abre, há sempre mãos que acolhem e há sempre outras saídas. Se perceber que suas asas já não dão conta do vôo, busque um ninho. Saibamos reconhecer nossa fraqueza... E saibamos ser ninhos.

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"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


Fernanda Mello

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