As minhas, as suas, as nossas máscaras

07:55:00


Levantei, acendi a luz, abri meu guarda-roupas e comecei a decidir qual máscara eu gostaria de usar hoje. Dei uma olhada naquelas com rosto sorridente, nas meio emburradas e até me deparei com uma meio tristonha... Na dúvida, peguei uma meia dúzia e sai com elas a tira-colo, afinal, a gente nunca sabe o que nos espera ao longo do dia. Somos falsos quando utilizamos máscaras? Não. Nossas máscaras já são também parte de nós. O próprio conceito de personalidade, derivado da palavra grega "persona", nos remete as máscaras, que na antiguidade eram usadas pelos atores gregos. E ao longo do nosso dia vamos trocando e também desempenhando nossos papéis. Ora somos profissionais, ora somos filhos, ora somos esposos/namorados/noivos... E cada um desses papéis exige de nós algumas das nossas máscaras. Mas se hoje você tirasse todas as suas máscaras, o que ficaria por trás disso tudo? Será que por trás daquela máscara sorridente não tem alguém preocupado? E por trás daquela máscara emburrada/carrancuda não há uma pessoa carente e necessitada de atenção? E aquela máscara dura não há um coração sensível escondido? Vez por outra necessitamos nos despir daquilo que queremos apresentar ao mundo para que nossa essência tenha espaço, para que possamos ter acesso ao que está encoberto. É importante fazer uso das máscaras, afinal, se todos andassem por ai expressando aquilo que realmente sentem e são o mundo estaria um caos, mas, precisamos lembrar que nós não somos só "a que está sempre sorrindo", "a corajosa", "a inabalável", "a mau-humorada", "a encrenqueira". Nós somos a soma daquilo que os outros acham que somos, daquilo que nós pensamos que os outros acham que somos e ainda aquilo que somos de verdade. Ah meu amigo, sendo assim, somos um milhão de infinitas possibilidades. É triste quando as pessoas se apegam a uma de nossas máscaras e esperam que reajamos apenas de acordo com ela, aliás, arrisco dizer que quem gosta apenas de uma não nos conhece de verdade. Hoje eu lhe convido a ser aquilo que você quiser, com máscara ou sem máscara, com cara emburrada ou sorridente, com armadura ou sem armadura. Lhe convido a avaliar se as suas máscaras estão a seu serviço ou apenas daqueles que lhe rodeiam. Não, definitivamente não, você não precisa ser sempre o chefe exemplar, o filho dedicado, o parceiro romântico, o amigo incansável. Permita-se não sorrir para todos se não estiver com vontade, permita-se cometer alguns erros com aqueles que você ama, permita-se reconhecer que a sua armadura esconde um ser muito frágil. Que haja espaço para aquilo que não é tão bonito, louvável ou agradável... E que sobretudo, que você possa ser o que quiser, quando quiser e se quiser... Saibamos então acolher o que há por trás das nossas máscaras, aquilo que não queremos que o mundo perceba... Sejamos humanos, não perfeitos. 

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Quem sou

"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


Fernanda Mello

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