A tentativa incessante de explicar o inexplicável
13:41:00
Você acordou numa terça-feira, depois de um feriado prolongado e bem aproveitado mas sua vontade era não levantar da cama. Revirou no seu baú de memórias recentes pra ver se encontrava o motivo da sua falta de ânimo, mas nada. Nem TPM era. Tudo estava no seu devido lugar, mas você continuava ali, imóvel, sem querer abrir os olhos, muito menos a janela. Você conheceu alguém totalmente diferente de você e quando se deu conta, viraram grandes amigos. Nada em vocês parecia muito similar e realmente não tinha como explicar tanta afinidade em meio a mundos tão diferentes. Você sempre gostou de oceanografia, mas fez um vestibular por experiência pra jornalismo e hoje é apaixonado pela sua profissão. Começou um relacionamento jurando que não ficariam juntos nem três meses, mas semana passada acabaram de comemorar bodas de prata. De todas as formas você tenta explicar essas incongruências... Por que será que nós buscamos tantas respostas? Por que queremos uma explicação pra tudo que acontece na nossa vida? Às vezes precisamos jogar a toalha e simplesmente admitir que não temos respostas, justificativas ou explicações para o que nos acontece. Você pode dizer que é o destino, que são as forças do universo ou qualquer outra razão que lhe convença... Mas eu prefiro dizer que realmente algumas coisas não tem uma explicação racional, porque são da ordem das emoções. Ah, e as emoções são avessas a regras e aos porquês. Emoções e sentimentos são feito pássaros encantados, nunca sabemos quando irão pousar muito menos quando irão voar. Não tem hora marcada e não querem saber de padrões pré-estabelecidos, surgem quando lhes convém. Pensando bem, a vida seria muito sem graça se tivéssemos mesmo o controle de tudo. "Olá senhor, hoje ao longo do dia você terá três horas de tristeza, duas de decepção, uma hora de alegria e meia hora de paixão, tenha um bom dia." Talvez a graça da vida seja justamente lidar com o inesperado, com o que foge do nosso controle, com as emoções que nos tomam de surpresa e nos tiram dos trilhos. Então, que sejam bem vindas essas emoções, seja a alegria, a saudade, a compaixão, o medo, a dor... E que a gente se permita senti-las, sem pressa, sem muita explicação, sem muitas teorias. Isso é viver, isso é fazer parte desse grande cenário chamado vida, onde não há atores principais, nem script e de nada adianta decorar as falas, porque a graça está mesmo é na arte do improviso.
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