Posso te ajudar?

07:52:00


Estava andando pelo supermercado, tentando achar algo que nem lembro o que era quando me deparei com um funcionário com um jaleco azul. Levantei a cabeça e vi que nas suas costas, estava escrito, em letras garrafais: posso te ajudar? Em um milésimo de segundo eu me imaginei sentada do lado dele falando do quanto a minha vida anda confusa, de como eu sou indecisa até pra escolher entre um requeijão ou uma ricota, de como o meu humor muda numa frequência alucinante. Me imaginei falando sobre as exigências que tenho no meu trabalho e do quanto eu me sinto incapaz pra algumas coisas. Já estava quase terminando de enumerar a lista dos meus problemas, quando ele virou pra trás e perguntou: está procurando algo moça? Não moço, você não deveria ter me perguntado isso. Se eu procuro algo? Procuro um milhão de coisas. Procuro a realização de muitos sonhos, procuro mais amizades sinceras e repletas de parceria, procuro pessoas de coração aberto que estejam dispostas a sonhar junto comigo. Toda essa conversa imaginária não durou 20 segundos, tempo que eu levei pra lembrar o que mesmo eu estava procurando ali naquele corredor. Lembro que devo ter sussurrado algo como margarina e ido pra longe do moço do jaleco azul. Imagina como seria se tivessem pessoas com jalecos azuis dispostas a ajudar a quem precisa. E nesse caso a ajuda não seria só indicar qual a prateleira encontra-se o produto. A ajuda seria um ombro, um colo, um ouvido atento, uma palavra de carinho... A ajuda poderia ser em forma de abraço ou até mesmo em forma de silêncio. E quem de nós nunca precisou de ajuda? Conclui então que não precisamos usar jalecos azuis para desempenharmos esse papel na vida das pessoas. As vezes, basta ser o abraço que acolhe, o ouvido que se dispõe a ouvir com atenção, a palavra que conforta, o sorriso que ameniza a dor. As vezes basta um bom dia carinhoso, um pedido de perdão sincero, uma mãozinha quando a gente sente que perdeu o chão. É dessa ajuda que precisamos. Não precisamos jalecos, nem treinamentos e nem é preciso dispender muito tempo pra isso. Levante a cabeça, olhe ao seu redor, veja quantas pessoas precisam de ajuda. Vista o seu jaleco da compaixão, da caridade, da bondade e ajude. Tenho certeza que o bem que você faz a alguém, volta pra você também. E hoje, como eu posso te ajudar?

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Quem sou

"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


Fernanda Mello

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