Nossas dores precisam ser sentidas

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Perdas, lutos, separações, rompimentos, mortes... Dores inevitáveis da vida, feridas que precisam ser sentidas, processos que precisam de cuidado e tempo. Não há atalhos, não há formas de pular essas etapas, a única forma de lidar com uma dor é sentindo-a. Não é confortável, não é fácil, não tem receita mágica capaz de aplacar uma dor. Precisamos caminhar por ruas escuras, conhecer nossos escombros, visitar nossas incertezas, conviver com nossas inseguranças. E precisamos ir sozinhos, por mais que estejamos rodeados de pessoas, o encontro com a dor é solitário. São noites em claro, são dias escuros, são sensações e sentimentos desconfortáveis. É aperto no peito, é nó na garganta, é choro contido ou extrapolado. A vivência da dor é particular de cada ser humano, cada um vai lidar da forma que lhe for possível, conforme sua estrutura e até vivências anteriores. Mas não há solução, nossas dores precisam de espaço, precisam ser ouvidas, precisam de tempo para que as feridas se fechem e virem apenas cicatrizes. Nossas dores nos fazem olhar a vida com mais calma, nos colocam de frente com nossos medos mais profundos... Medo da solidão, medo de não sermos amados o suficiente, medo de não sermos bons o suficiente, medo de que a tristeza faça morada e não queira mais ir embora. Mas, assim como qualquer outro sentimento, a tristeza também é temporária. Depois de esgotado seu tempo, ela arruma sua mala e se despede, sem hora ou dia para fazer-se presente novamente. Depois da dor novas portas se abrem, surgem os primeiros raios de sol, as cores voltam a pintar a vida, novas perspectivas despontam, novas possibilidades surgem. E da dor fica apenas a cicatriz, que se bem cuidada, fica em forma de aprendizado. Viver é isso, equilibrar alegrias e tristezas, dores e sorrisos, tempestades e dias de sol. Quando deixar de ser assim, é porque perdemos a capacidade de entrar em contato com nossos sentimentos, e isso pode até nos livrar das grandes dores, mas por consequência nos livrará das grandes alegrias também. Vivamos nessa roda-gigante, daqui a pouco ela volta a girar e poderemos olhar a vida lá de cima novamente.

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Quem sou

"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


Fernanda Mello

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