Um desabafo

13:18:00



Faz tempo que não escrevo um texto decente, faz tempo que eu não sei o que é escrever um texto mentalmente enquanto dirijo e só chegar em casa e colocar no computador, faz tempo que não tenho nenhuma ideia brilhante sobre o que escrever. E hoje não foi diferente. Perdi a conta de quantos inícios de texto eu rabisquei, de quantos temas diferentes pra falar eu escolhi, de quantas frases eu apenas comecei. E confesso, não teve inspiração. Pensei em falar sobre a infância, sobre finais felizes, sobre a nossa vida corrida, sobre o que tem acontecido comigo nos últimos tempos... Mas não, nada fluía. Meia dúzia de palavras e fim, as ideias não surgiam, o texto não deslanchava. Não sei se isso é passageiro, se tem a ver com meu momento de vida... Não sei se as ideias voltarão a aparecer, se outros textos voltarão a ser escritos. Eu que já dei tanta opinião, que já falei de assuntos polêmicos, que já expus o que sentia, que já contei tantas histórias... Hoje reservo-me o direito de não falar sobre nada, de não dar opinião nenhuma, de não entrar em nenhuma polêmica. Hoje eu me permito o silêncio, o dito nas entrelinhas, as reticências. E não é por não ter o que falar, talvez o problema seja exatamente o contrário, excesso de coisas que eu queria dizer. Mas não hoje, não agora, não assim. Hoje não tem som, não tem sílabas, não tem rimas, não tem palavras. Meus textos são reflexo puro e limpo do que eu vivo, do que eu sinto, do que eu penso, do que eu sonho, e o fato de eu não conseguir escrever nada hoje traduz como está tudo aqui dentro. Ideias soltas, pensamentos sem sentido, palavras fora de ordem, sentimentos confusos... Um caos. Contradições, excessos, faltas, vazios, euforia, confusão, medos... Poucas coisas estão no lugar. Hoje eu não sei onde tudo começa, hoje eu não faço ideia de como isso termina, hoje não tem começo, meio e fim, aliás, não tem história. Hoje tem vírgulas, reticências, parênteses... E o texto que nem começou, termina aqui.

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Quem sou

"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


Fernanda Mello

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