E a gente se acostuma... Mas não deveria

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A gente começa se acostumando com uma desculpa esfarrapada aqui, um jantar cancelado ali. Depois se acostuma com as mensagens que vão ficando sem resposta, com os convites desfeitos, com as grosserias do dia-a-dia. A gente se acostuma e se acomoda. Ano que vem muda, quando casar muda, quando tiver um filho muda, quando se aposentar muda... Meu caro, não muda. Aliás, pode até ser que mude, mas pra isso é necessário que a pessoa queira muito e faça um esforço bem considerável. E quando nos damos por conta, percebemos que estamos aceitando tudo um pouco pela metade. Meio amor não é amor. Meia verdade não é verdade. Você faz as coisas corretamente, ama sem reservas, se esforça pra agradar, faz tudo que está ao seu alcance pelo bem do outro, perdoa, deixa de estar com seus amigos para estar com ele, controla o seu ciúme, elogia... E do outro lado? Respostas vazias, sentimentos pela metade, desculpas e mais desculpas, zero entrega. Ah, mas amor não é relação de troca. Sim, não é mesmo, mas é questão de reciprocidade. Ou você entra numa relação pra ser inteiro, ou melhor continuar com seu status de solteiro. Ninguém é obrigado a estar com ninguém, mas se você optou por isso, pelo menos se esforce. O que não dá é pra passar o dia plantado ao lado do telefone esperando um convite que não vai acontecer. O que não dá é pra aceitar migalhas sabendo que você merecia o bolo inteiro. Não da pra se contentar com uma linha inteira cheia de carinhas que não dizem nada. Não dá pra aceitar respostas evasivas ou somente um "eu também" pronunciado mecanicamente. Acorda menina, você merece muito mais que isso. Não se acostume com relações pela metade, palavras pela metade, sentimentos pela metade. Há sempre alguém querendo se doar por inteiro, querendo viver uma história por completo. Mas enquanto você continuar ocupando esse espaço com metades, não dará espaço para inteirezas. Aproveita que o ano acabou de começar e decida de uma vez por todas que daqui pra frente, ou vem pra somar, agregar, ou melhor sumir.

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Quem sou

"Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu...
Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. Quer me entender? Não precisa."


Fernanda Mello

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