Sobre chegadas e partidas
07:44:00
Tem dias que o nosso coração aperta e a gente não sabe nem dizer de onde isso vem. Sei que fui invadida por esta sensação hoje pela manhã quando me deparei com um texto de uma menina que se despedia de seu amor após saber que ele havia morrido... Diferente do que estamos acostumados a ler sobre despedidas, ela apenas falava do quanto tinha sido maravilhoso o tempo que haviam ficado juntos e nos advertia da importância de amarmos as pessoas, cuidarmos de nós, fazermos o bem e aproveitarmos cada segundo enquanto ainda estamos por aqui. Eu não conheço esse garoto, não sei quem ele é... Mas sei muito bem o que ele representou para essa menina. Sei que ele foi presença e sei que a sua passagem por aqui não foi em vão. Despedir-se é dolorido, é por muitas vezes cruel, mas é necessário. E que bonito seria se todos nós tivéssemos o sentimento de gratidão ao nos despedir das pessoas que estiveram ao nosso lado e que agora estão partindo, seja qual for o tipo de partida. Já ouvi histórias muito bonitas de filhos que perdoaram o pai quando esse tinha apenas minutos de vida, de irmãos que se reconciliaram diante da partida da mãe e de muitos erros que foram consertados aos quarenta e cinco do segundo tempo. Mas será que precisa mesmo ser assim? Por que não perdoar hoje? Não dizer que ama hoje? Não corrigir os erros hoje? Será que é necessário estar de frente com a morte para só então se dar conta que a nossa vida não passa de uma efêmera passagem sobre a terra? Ah, meu amigo, e como temos vivido errado... Andamos por ai pisando nos outros, guardando mágoas, acumulando riquezas materiais, amando pouco, perdoando ainda menos... Vivendo como se fossemos viver eternamente e considerando que aqueles que amamos também viverão. É clichê dizer para não deixar nada pra amanhã. É clichê dizer que devemos aproveitar o hoje... Mas mesmo sendo clichê eu gostaria de lembrá-lo que estamos por aqui somente de passagem, que bens materiais não irão junto conosco, que as pessoas que amamos também partirão... Vamos viver então? Que a nossa passagem por aqui seja leve, doce e feliz. Que haja mais perdão e menos acúmulo de coisas desnecessárias. Que o único peso que precisemos carregar seja o do nosso irmão que vez por outra necessitará do nosso colo. Que saibamos viver cada coisa no seu tempo, as alegrias e as tristezas, as chegadas e as partidas. Que ninguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz... E que haja tempo para perdoarmos quem precisa do nosso perdão e amarmos quem precisa do nosso amor. "Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que a qualquer momento ele pode voar."(Rubem Alves) Deixemos que a natureza siga seu curso, seja com novos pousos ou novos vôos. E estejamos preparados para o momento que chegar a nossa hora de bater as asas.
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